mercoledì 5 dicembre 2007

Frei Orlando>>Trocando o Hábito pelo tênis>>



Confira nas linhas abaixo a entrevista feita com Frei Orlando, da Paróquia Imaculada Conceição (da Província dos Capuchinhos do Estado de São Paulo). Um corredor de 57 anos, que aos 50 encarou o desafio das ruas. Conheça um pouco sobre a vida deste religioso que diariamente, troca o hábito pelos tênis.

O Hábito

O menino que jogava futebol em Candido Mota, interior de São Paulo, nunca pensou em ser corredor, mas sempre levou uma vida religiosa. Criado pelos pais, o interesse de sua família pela espiritualidade sempre foi algo latente. Entretanto, Frei Orlando acredita que convivendo com seus familiares a total dedicação aos estudos religiosos era difícil de ser colocada em prática.

Assim, quando seus pais “partiram desta vida”, já estava mais orientado e pode seguir a vida religiosa. No interior do Estado, trabalham alguns Freis Capuchinhos, de quem Frei Orlando teve o acompanhamento e orientação, para certificar-se de que estava no caminho certo. “Tinha 33 anos quando comecei este estudo. Desde menino era visitado nas escolas pelos missionários, mas como era criança isso ficava disperso. Entrei na Ordem bem maduro, já com experiência e sabendo o que queria, o que facilitou minha decisão, diferente de quem entra quando muito novo”, disse.

Segundo Frei Orlando, a Ordem dos Frades Capuchinhos segue uma formação diferente do Catolicismo. De qualquer forma, existe o curso de quatro anos de duração sobre a vida religiosa, teologia, “um curso bem completo”. Muitos dos frades optam para ser irmãos, o que não é o caso do corredor. “Sou frei, mas não rezo Missa. Sou irmão a serviço da fraternidade. Trabalhos dentro da própria igreja, ou com Pastoral, atendimento com o povo, inserido na comunidade. A formação que tive é completa, mas o tipo de atividade que escolhi é diferente”.

O Tênis

Nunca lhe havia passado pela cabeça que seria um corredor. Mesmo quando jogava bola, não imaginava. Via a corrida da São Silvestre às vezes na televisão, mas não era muito interessado. Conta que assistia a corrida por que gostava de ver a festa. “Quando entrei pra ordem, fui para Piracicaba, cidade onde morei por muito tempo. De lá, fui transferido para São Paulo, e logo no primeiro ano, vi de perto a corrida. Ela passa aqui na Avenida Brigadeiro, rua da igreja. Pude ver muitas pessoas de idade correndo e então pensei: ‘e por que não posso tentar?’”. Na época Frei Orlando tinha 50 anos e começou a treinar no espaço da igreja - um corredor de 170 metros, que contorna o prédio.

“Comecei correndo dez minutos, e quando vi, já estava correndo duas horas sem parar. Foi então que achei que já estava pronto para participar de uma prova – mesmo não sabendo se faria um tempo bom”. Foi com coragem e determinação que o corredor inscreveu-se na São Silvestre, em 1998. Foi bem. Completou a prova em 1 hora 27 minutos. E desde então corre a tradicional prova paulistana, todos os anos.

A história entre a Corpore e Frei Orlando começou por meio de um corredor amigo seu, Dr. Amaro. Foi este amigo quem fez sua associação na entidade, o apresentou para a equipe de funcionários, “por que eu estava ainda meio perdido”, lembra. “Hoje me sinto como irmão de algumas das meninas que trabalham lá, pois elas são muito gentis e delicadas. Comecei a freqüentar os Treinos Técnicos, e a me aproximar dos diretores como o Edgard Santos (Secretário Geral Corpore) que é muito atencioso com o todo o pessoal. Se não fosse por esse apoio, nem sei se continuaria correndo, pois após a primeira São Silvestre, a prova seguinte que participei foi a Corrida Bombeiros Corpore, na qual fui inscrito pelo mesmo amigo Amaro, que tanto me apoiou”.

Mas Frei Orlando sempre manteve sua vontade de aprender e se superar. Conseguiu, por meio de um paroquiano amigo seu e corredor, entrar em contato com a Equipe Trilopez, do professor Diego Lopez. “Eles são muito prestativos, atenciosos. É uma equipe muito boa. E com eles fui conquistando ainda mais condições de me sair bem nas provas”, disse.

Nos anos de 2001 e 2002, Frei Orlando ficou entre os cinco primeiros do Ranking da Corpore. “É uma sensação ótima, pois a expectativa de conseguir isto é muito grande. Quando chega a hora, além de ser algo muito bom, o Ranking Corpore estimula o treino”, acrescentou.

A prática esportiva de Frei Orlando é conhecida pelos paroquianos da região. “Tem muitos domingos que eles não me vêem aqui, já que estou nas corridas, então, no domingo seguinte já perguntam: ‘e aí Frei, foi correr aonde? Como foi?’”. O interesse dos amigos é imenso. Frei Orlando diz que mesmo o comentarista da Missa conta aos presentes seus resultados e conquistas e “todo mundo bate palma, cumprimenta, é muito legal”.

O Exemplo

Algumas pessoas se interessam pelo esporte ao ver o Frei corredor. Ele conta que muitos jovens vão até ele fazer perguntas sobre como começar a correr. “Falo do que tenho certeza, como a importância de ter um acompanhamento médico para avaliar suas condições físicas, antes da prática da corrida”. O atleta contou que: “uma corredora que trabalha na Pastoral da Escuta, estava meio parada, e conversando comigo, ela voltou a treinar. Disse a ela ‘vá em frente, devagar, mas não desista’. Ela chegou a correr uma maratona neste ano”, alegrou-se.

Para todos aqueles que tentam aconselhar-se com o Frei, sobre corrida de rua, a mensagem é sempre esta: “tem que ter força de vontade!”. Diz isso baseado em sua própria experiência. Como aluno exemplar, Frei segue sua planilha de treino, mas conta: “tem manhãs que não dá coragem de correr”. Entretanto, começa o alongamento com calma, e quando se vê aquecido, a coragem aparece e “saio correndo!”. Frei Orlando corre todos os dias, menos às segundas feiras, que é seu dia de descanso. “Tem até algumas segundas que o corpo pede pra dar uma trotadinha, então vou. Mas o Diego me orienta a ter esse dia de descanso”, acrescenta.

Questionado sobre a competitividade, rivalidade e até inveja que o esporte, por vezes, manifesta, Frei Orlando disse: “Vejo a corrida como algo que vem ajudar à saúde. Corro com alegria e felicidade. Sinto-me bem em meio de tantas pessoas, e até competindo com elas – fazendo o que posso -; num ambiente diferente do que vivo aqui dentro da paróquia. A gente quer chegar bem, mas sem rivalidade. Cumprimento as pessoas, outros vem conversar comigo também, a disputa não é agressiva assim, não. A solidariedade é algo presente na prática da corrida. Corredores de elite, que muitas vezes fazem treinos em algumas provas, nos incentivam, ensinam, dão orientações”. Frei acredita que o único momento mais complicado de uma prova é a largada, onde ocorre algum tumulto, mas acha isso compreensível, e mesmo assim, complementa: “passados alguns metros, o clima muda, e parece que toda aquela multidão está unida para se ajudar. É um exemplo bom de como seria ideal a convivência entre os seres humanos, na sociedade como um todo”.

Frei Orlando acredita que quando as provas são organizadas, a união entre os corredores fica ainda mais evidente, fortalecida: “Como nas provas da Corpore, onde todo mundo se respeita e corre com animo e vontade”, completou.

Frei Orlando incentiva o aproveitamento de toda e qualquer chance que as pessoas possuam de cuidarem de sua saúde. “Aqueles que tem condição de caminhar, aproveite essa chance e caminhem! Aqueles que tem condições de correr, corram! Se dediquem ao esporte pois ele só trás benefícios. Na minha idade, me sinto como um moleque correndo. Nunca é tarde para conseguirmos resultados”. E para aqueles que já praticam esportes, a mensagem consolida-se: “Continue fazendo este esforço, tenha força de vontade, não desanime. Não importa se chegar em primeiro ou em último. Que chegue inteiro e que aproveite os benefícios da corrida para sua vida”.
( Esse texto foi extraido do site da Corpore: http://www.corpore.org.br/ e escrito por Flávia Almeida Prado, resolvi postá-lo nesse blog para mostrar a diversidade da vida capuchinha e também para homenagear o meu confrade Frei Orlando Silva.)

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